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Placenta e Anexos embrionários

Doc, a primeira coisa que você precisa entender é que o sangue materno e fetal não devem se misturar, ok?

O feto e a mãe vão estabelecer sua conexão a partir da placenta e cordão umbilical. E serão separados a partir de outras membranas fetais (anexos embrionários).

Placenta

Funções da placenta

  1. Metabólicas (síntese de glicogênio)
  2. Excreção de metabólitos fetais
  3. Transporte de nutrientes e gases
  4. Hormonal (hCG, prostaglandinas, estrógeno e progesterona)
  5. Proteção

Formação e porções da placenta

A placenta possui partes ou porções materna e fetal.

A parte materna da placenta é formada pela decídua basal enquanto a fetal é formada pelo córion viloso (células do sincicio e citotrofoblasto).

A decídua correspondente à parte materna é dividida em:

  • Descídua Basal → que é ricamente vascularizada e é formalmente a porção materna de função nutricional para o embrião. Recobre o córion viloso.
  • Descídua Capsular → que é a parte superficial da decídua a qual cobre o concepto.
  • Descídua Parietal → é toda a parte restante da decídua.

As decíduas capsular e parietal são anexas ao córion liso e não realizam, portanto, função de trocas.

Aqui ainda temos a reação descidual que corresponde ao acúmulo de glicogênio e lipídios pelo endométrio quando acontece a implantação do blastocisto. Nela, as células endometriais deciduais serão degeneradas próximo ao sinciciotrofoblasto e serão uma fonte nutricional ao embrião.

A formação da placenta se dará a partir do crescimento do saco coriônico. As vilosidades coriônicas que recobrem todo o saco vão se distanciando conforme este cresce e geram o saco coriônico liso e viloso. O liso é avascular (sem função de troca materno-fetal) e o viloso por possuir as vilosidades exercerá a função de troca materno-fetal.

A circulação

As artérias endometriais espiraladas carregando sangue arterial vão extravasar seu conteúdo para o espaço interviloso, onde haverá as trocas com as vilosidades fetais. E retornará às veias endometriais espiraladas contendo sangue venoso. Essa é a circulação materna ou circulação útero-placentária evidente na imagem abaixo, Doc!

(MOORE, 2008)

Já a circulação fetal ou feto-placentária se dará por duas artérias umbilicais contendo sangue venoso e uma veia umbilical contendo sangue arterial. Repare, Doc, que aqui temos a “circulação invertida”. Já que o sangue arterial está contido nas veias e o venoso nas artérias.

Na imagem abaixo você pode observar os conteúdos das vias de circulação supracitadas.

(MOORE, 2008)

Transporte Placentário

  1. Por difusão simples haverá o transporte de gases e água. Esse gradiente será ditado pelo fluxo sanguíneo, portanto, se houver diminuição deste fluxo pode haver hipóxia no ser em desenvolvimento. Excretas como ureia e ácido úrico também são feitas nesse mecanismo.
  2. Por difusão facilitada haverá a entrada de glicose produzida pela mãe e pela placenta por transportador GLUT 1 (independente de insulina). Além de vitaminas.
  3. Por transporte ativo haverá a entrada de aminoácidos para o feto.
  4. Por passagem livre: hormônios esteróides, ácidos graxos livres e bilirrubina conjugada.
  5. Por transcitose mediada por receptores haverá o transporte de IgG.

Membranas fetais

Córion

Como já explicado acima o córion é que forma a rede vascular de trocas para o feto. Mas, Doc, você ainda precisa compreender que este é um compartimento que cresce ao longo da gestação. E esse crescimento (imagem abaixo) ocorre conforme maior acúmulo do líquido amniótico no âmnio – revestimento mais interno do córion.

(MOORE, 2008)

Âmnio e Líquido amniótico (LA)

Doc, o âmnio é a bolsa mais interna preenchida por LA. A formação deste líquido se dá inicialmente pelo âmnio, mas a maioria dele vem do tecido materno e de líquidos intersticiais difundidos pela membrana na decídua parietal.

Com o decorrer da gestação, o feto passa a produzir LA pelo trato urinário já que os metabólitos em si do feto são excretados na circulação materna. Então a “urina” do feto sem excretas é liberada na bolsa aumentando o volume do LA.

O líquido amniótico é aquoso composto de materiais orgânicos e inorgânicos.
Nos quais metade dos constituintes orgânicos é proteína, a outra metade consiste em carboidratos, gorduras, enzimas, hormônios e pigmentos.
Com o avanço da IG aparece mecônio (fezes fetais) e urina propriamente dita. O que pode ser avaliado por amniocentese se houver indicação.

A função do LA é:

  1. Permitir o crescimento simétrico do bebê
  2. Ser barreira contra infecções
  3. Permitir o desenvolvimento normal dos pulmões fetais
  4. Impedir a aderência entre âmnio e feto
  5. Proteger mecanicamente o feto
  6. Manter temperatura e homeostase eletrolítica.

Alantóide

O alantóide é uma evaginação da vesícula coriônica que não é funcional no ser humano como um local para armazenar excretas. Entre a terceira e quinta semana, ocorre formação de células sanguíneas nas paredes do alantoide. Seus vasos sanguíneos formam as veias e artérias umbilicais.

Quando a bexiga cresce, o alantoide involui para formar um grosso tubo, o úraco. Que depois do nascimento, torna‑se um cordão fibroso correspondente ao ligamento mediano umbilical, o qual se estende a partir do ápice da bexiga urinária ao umbigo.

Saco vitelínico ou vesícula umbilical

Não é uma estrutura funcional no que se refere ao armazenamento de nutrientes, mas nutre o embrião durante a segunda e terceira semana, antes que se estabeleça a circulação uteroplacentária.

Realiza a formação de sangue a partir da 3° semana na parte do mesoderma que recobre o saco. Durante a 4° semana, o endoderma do saco é apropriado pelo embrião formando o intestino primitivo.

O endoderma, derivado do epiblasto, origina o epitélio da traquéia, dos brônquios, dos pulmões e do TGI.

As células germinativas primordiais aparecem no revestimento endodérmico da parede do saco vitelino na terceira semana e na sequência migram para as glândulas sexuais em desenvolvimento para formar espermatogônias e ovogônias.

Macete💡

Doc, para lembrar da circulação no cordão umbilical recorde que:

2AV1VA

Temos 2Artérias umbilicais contendo sangue Venoso e 1Veia umbilical contendo sangue Arterial.

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Referências

MOORE, K.L. & PERSAUD, T.V.N. Embriologia Clínica. 8ª ed., Elsevier, Rio de Janeiro, 2008.

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